Os dados constam do estudo “Práticas culturais dos portugueses”, feito pelo Instituto de Ciências Sociais, da Universidade de Lisboa, a pedido da Fundação Calouste Gulbenkian, a partir de um inquérito nacional sobre hábitos de consumo de Cultura dos portugueses, em particular nos 12 meses anteriores à pandemia da covid-19.
Um dos objetivos do estudo é permitir “discutir o que as políticas públicas têm vindo a fazer, o que ainda podem desenvolver, e aferir sobre os circuitos de criação e difusão que as sustentam”, afirmam os coordenadores do trabalho, os investigadores José Machado Pais e Pedro Magalhães e o ex-programador cultural Miguel Lobo Antunes.
Ao longo de mais de 400 páginas, a equipa revela múltiplos dados e informações estatísticas sobre o comportamento dos portugueses no consumo de Cultura, concluindo que, na altura do inquérito realizado, “93% do total dos inquiridos se encontravam na categoria de ‘baixo consumo cultural'”, de atividades como teatro, ballet, dança, ópera, cinema, circo, concertos, festivais e festas locais.
“Historicamente, o setor cultural não foi um pilar central no pós-25 de Abril, depois do longo período de ditadura, pelo que a democratização cultural tem ainda um longo caminho a percorrer”, sustentam.
Para explicar os hábitos de consumo dos portugueses, os autores do estudo recorreram aos termos “omnívoro” e “unívoro” cultural para falar dos consumidores que “apresentam uma orientação cultural mais diversificada” e dos que demonstram “uma menor frequência nas práticas culturais”.