Silva Tiago: candidato PSD/CDS
Setembro 16, 2025
Silva Tiago, engenheiro civil, tem 66 anos, é presidente da Câmara da Maia desde 2017. Volta a candidatar-se à presidência pela coligação PSD/CDS (Maia em Primeiro).
Começamos por querer conhecer o estado de espírito do candidato quando a três semanas das eleições se inicia um julgamento onde é arguido, como administrador da Espaço Municipal, onde é acusado de lesar o município por ceder um espaço, em regime de comodato, ao Lions Club.
“O meu espírito é de tranquilidade”, começa por referir Silva Tiago, frisando que “esse assunto é um não assunto, eu próprio expliquei isso no Tribunal, há dias, e estou perfeitamente convencido que o processo vai terminar rapidamente, porque não tem enquadramento até jurídico”. Explica-nos ainda que a sua defesa apresentou “uma petição em que diz que lugares de altos cargos de serviço público não têm esse enquadramento”. Por outro lado, considera que não há matéria para julgamento dado que a Espaço Municipal fez um “contrato de comodato com o Lions Club de Portugal, que é uma entidade do interesse público (…)” sendo que “a contrapartida desse comodato está perfeitamente justificada e o município da Maia tem dezenas e dezenas de contratos de comodato com associações e coletividades do concelho, em que a Câmara disponibiliza as suas instalações para que os clubes, as associações culturais, recreativas e desportivas utilizem os seus espaços físicos para fazer a sua atividade, que é uma atividade de interesse comunitário, e a do Lions Club de Portugal também”.
Uma das prioridades da candidatura é a Habitação. Uma área em que Silva Tiago diz ter um “currículo extenso”, já que protagonizou “o Programa Especial de Realojamento: o município da Maia construiu cerca de 1300 fogos”.
No presente, e através do programa 1º Direito, que está contratualizado com o IHRU (Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana), são 734 fogos novos, dos quais 534 já estão em construção, ao abrigo do PRR e têm que ficar prontas até ao final do próximo ano. Os restantes 160 fogos, explica o candidato, vão ainda ser construídos, “mas ao obrigo de um empréstimo que o Governo contraiu recentemente no BEI, de 1,3 mil milhões de euros, e que tem que ser concretizado até 2030, mas vamos conseguir fazer as 160 casas muito antes de 2030”.
Estas obras serão através de concursos públicos de conceção e construção. A Estratégia Local de Habitação ficará concluída até ao final do próximo mandato, refere Silva Tiago, salvaguardando que haverá sempre a necessidade de adaptação às mudanças das circunstâncias.
O candidato explica ainda que haverá casas para três tipos de arrendamentos, o reduzido, o apoiado e o acessível. As habitações serão entregues apenas a famílias residentes na Maia.
Haverá ainda 222 novos fogos a construir na urbanização da Real Castelo, em terrenos do IHRU, para arrendamento acessível. Além dos 734 fogos da ELH e os 222 do IHRU, a Câmara espera construir mais 500 fogos com privados ou cooperativas até 2030, 2032. “E essas casas irão ser alugadas à Câmara Municipal e a renda será o objeto desse concurso público. A Câmara irá sub-arrendar às famílias maiatas e irá fazê-lo em função do seu rendimento. Esse diferencial entre o arrendamento que a Câmara vai fazer à família e a renda que a Câmara vai pagar ao promotor, será o subsídio de renda (indiretamente) que o município irá disponibilizar a cada uma das famílias”.
A vantagem para o município, é que, “no final dos 30 anos do contrato, essas habitações todas ficam a fazer parte da propriedade municipal”.
Cerca de 40% dos empreendimentos de habitação, sublinha Silva Tiago, situam-se “junto a estações de metro, do metro que já existe ou da futura linha que vai ser construída, nos próximos anos, que é a linha que vem do Hospital de São João, onde existe aquele polo universitário da Asprela e que passa por Pedrouços, Águas Santas, Milheirós, Gueifães, Vermoim, Maia, Moreira e aeroporto, portanto, esta é a segunda linha da Maia, que está acordada, quer pelo governo anterior a este, do Dr. António Costa, quer por este do Dr. Luís Montenegro”.
Será “uma linha, uma circular que vai servir transversalmente o concelho e vai articular, inclusivamente, ali na zona da A3, num centro intermodal, em que a linha do Minho, que atravessa a autoestrada A3, que vem do Norte, vai entrar ali num intermodal de ferrovia, rodovia e a linha de metro, quer para entrar na cidade do Porto, (…) como também para entrar na cidade da Maia”.
De acordo com Silva Tiago, “esta linha terá uma parte em túnel, outra parte será em viaduto, por exemplo, sobre a A3; depois, sobre a circunvalação será em túnel; na zona do Lavrador haverá também um túnel e depois passa por cima da Nacional 14”.
Por sua vez, como explica o recandidato, a EN14 já estará a funcionar num túnel, do qual “fizemos recentemente um acordo com as Infraestruturas de Portugal (IP), onde esteve o ministro das Infraestruturas a homologar esse acordo entre o município da Maia e IP. Vamos tunelizar a EN14 no centro da Maia em cerca de 1km e 200m, e por cima desse túnel vamos fazer um parque linear, portanto, um jardim público”.
Para Silva Tiago, esta estrada “é um erro, hoje em dia, a atravessar a cidade da Maia, a escassos 200 metros da praça do município, a praça do Dr. Vieira de Carvalho, temos aqui uma ferida a céu aberto, onde a lei do ruído não é cumprida”.
A Câmara está a ultimar o projeto de execução desse túnel, “essa obra irá custar qualquer coisa como 30 milhões de euros”, sendo que a autarquia e a IP ainda vão definir as fatias a pagar por cada entidade.
“A minha convicção é que o bolo maior deve ser assumido pela IP, uma vez que esta é uma estrada nacional e a Câmara poderá suportar os arranjos paisagísticos para o parque linear verde por cima do túnel. O objetivo é no início do próximo mandato, lançar o concurso público para a execução do túnel”, explica o candidato de Maia em Primeiro.
Com estas obras e a articulação com o Metro e as novas linhas, a par das redes da UNIR e STCP – com alguns ajustes dos horários -, Silva Tiago está convicto de que a Maia sairá fortalecida na rede de transportes públicos e bem servida de vias comunicantes.
No que respeita ao Ambiente, e sendo a Maia um dos municípios da Associação Corredor Verde do rio Leça, quisemos saber qual o ponto de situação da despoluição do rio. Silva Tiago apontou que só quando estiverem requalificadas as ‘etares’ da Maia e construídas as de outros municípios é que a situação irá melhorar. Lembrou que a Maia foi “o primeiro município, há mais de 30 anos, a construir ‘etares’ para a despoluição do rio Leça, numa altura em que ninguém pensava nisso”. Foram construídas três, a de Cambados, a de Ponte Moreira e a de Parada, frisando o atual presidente da autarquia que inclusive a ETAR de Parada não se limita a fazer tratamento de lamas, “fazemos até um fertilizante”.
Este verão, é certo que a ETAR de Parada teve uma avaria, e este tipo de equipamentos têm que ser requalificados por terem três décadas. Assim, a ETAR de Cambados já teve uma intervenção “há uns anos atrás, a hectare de Ponte Moreira está neste momento com uma empreitada de requalificação integral, que custa perto de 8 milhões de euros, após candidatura ao Portugal 2030, comparticipada em 70%”.
A ETAR de Parada teve que ver alterado o tipo de procedimento do projeto, por indicação da CCDR, que em vez de um anteprojeto solicitou que a Câmara elaborasse o projeto final.
Este irá ficar pronto, lá para novembro, e “temos a garantia do Ministério do Ambiente e da Senhora Ministra” de que vai comparticipar a 85% uma obra que deverá ascender a 16 milhões de euros, adiantou o recandidato.
A nível da segurança, o recandidato de Maia em Primeiro sublinha a importância do projeto da esquadra de Divisão da PSP, na cidade da Maia, com um valor de 5 milhões de euros. A Câmara cedeu o terreno, está a fazer a obra e a fiscalizar, mas quem está a coordenar é a tutela.
Além disso, a autarquia vai construir um quartel da Polícia Municipal, na rua Engenheiro Eduardo Pacheco, na antiga casa do cantoneiro da Junta Autónoma de Estradas, que foi comprado pela Câmara.
Também relativamente à Saúde pública, Silva Tiago fez questão de salientar que a Maia vai ser uma referência dentro de poucos anos. Além do novo hospital privado que está a ser construído na Av. Engº Bragança Fernandes – começou há oito dias – o município está a construir “um parque de saúde pública junto à Zona Desportiva, onde vamos centralizar todos os serviços públicos da saúde pública, incluindo a Delegação de Saúde. É um investimento da ordem dos 14 milhões de euros em que o Ministério da Saúde participa com 10 milhões. Para além disso estamos a construir neste momento duas unidades de saúde familiar, uma em Milheirós, que vale cerca de 1 milhão e 600 mil euros e uma outra em Moreira, para servir Moreira e Vila Nova da Telha e que vale 2,5 milhões de euros”.
Estão também a ser requalificadas mais duas unidades de Saúde, uma em Águas Santas e outra em Pedrouços.
Silva Tiago salienta também que, em termos de Educação, “temos as escolas todas reabilitadas, vamos agora nos próximos dois anos fazer o que falta, que são três escolas, a EB e Secundária de Pedrouços, a EB e Secundária do Levante e a EB do Castelo da Maia.
As obras vão começar pela escola mais cara, a de Pedrouços, que vai custar 16 milhões de euros, depois a do Levante (8 milhões) e a do Castelo (7 milhões).
Silva Tiago tem ainda em carteira dois projetos estruturantes, uma nova centralidade na área empresarial, Maia 1, onde pretende dinamizar em conjunto com os privados que ali possuem terrenos, uma nova mini cidade moderna, com a âncora de um Pavilhão Multiusos e um museu digital.
O outro projeto é o Parque Metropolitano da Maia, na zona mais leste do concelho, junto à A3 e à A41, onde esteve para ser construída a Academia de Futebol do FC Porto. É uma “área equivalente ao Parque Expo em Lisboa”. Existem 350 hectares inseridos no PDM, sendo que 70 hectares são propriedade da Câmara. Silva Tiago propõe uma “cidade social”, um espaço onde convivessem diferentes gerações, mas com uma base mais amiga dos seniores.
A Quinta do Mosteiro, um dos espaços “com mais história na Maia”, foi adquirida pelo município recentemente e vai ser outro foco de modernidade e bem-estar, segundo o candidato, que adianta que irá realizar-se um concurso de ideias internacional para delinear o projeto, sendo certo que se pretende que ali seja a nova casa do Arquivo Municipal da Maia, e equipamentos ligados à água incluindo piscinas e espaços de lazer.
Por tudo isto, Silva Tiago refere que não podia deixar de se candidatar a este último mandato, porque “estamos num momento crucial em que a experiência, a eficiência do executivo é fundamental, o conhecimento é fundamental”, sublinhando, “o conhecimento que dispomos e que eu disponho é fundamental para bem da Maia e dos maiatos. Não há tempo a perder. Se perdermos um, dois, três anos a perceber e a conhecer as coisas, perdemos a oportunidade”.
Pode ouvir a entrevista aqui: