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Entrevista: Hugo Salgueiro (Juventude Socialista)

Escrito por em Outubro 22, 2020

Hugo Salgueiro tem 26 anos e é agente funerário de profissão. Apresentou-se este ano como candidato às eleições intercalares na Juventude Socialista da Maia, devido à demissão do seu antecessor Alexandre Barbosa. Foi eleito e encara o tempo que resta de mandato (um ano) como um projeto para cumprir.

O jovem também é presidente da Assembleia Geral do Pedrouços Atlético Clube e é membro da Assembleia de Freguesia de Pedrouços. É casado e vive desde criança em Pedrouços, freguesia da Maia.

Esteve à conversa com o Primeira Mão e desvendou alguns projetos para os jovens maiatos no âmbito da ação que pretende desenvolver na JS.

Como é que o Hugo Salgueiro surge na política?

Entrei na JS em 2009. Já é um percurso extenso. Não estive muito ativo na Juventude Socialista, porque profissionalmente não conseguia e também estudava, enquanto trabalhava com o meu pai. Entretanto, sou presidente da mesa da Assembleia Geral do Pedrouços AC e faço parte da Junta de Freguesia.

Neste momento, surgiu a oportunidade de abraçar este projeto e estou com ideias de dinamizar o concelho da Maia, na área da Juventude. Tenho uma equipa que me apoia e é com este grupo, que não é grande, mas que queremos que cresça, que vamos fazer algo.

Esta equipa tem alguns membros novos e outros que se mantêm: é importante a renovação, mas também devemos manter a continuidade. É necessário o dinamismo, mas respeitando quem já estava lá. O mandato neste momento é de 1 ano, isto porque estou a completar o mandato anterior. Os mandatos na JS são de dois anos geralmente, mas estas foram eleições antecipadas.

Hugo Salgueiro

E quais são as propostas para a JS Maia?

Relativamente à estrutura, é crescer. Tentar incutir a nobreza das Juventudes Políticas nos jovens. Isto porque a nossa juventude está muito desacreditada na classe política.

Os jovens pensam que estamos nas juventudes partidárias por algum interesse pessoal e esquecem-se que estamos a lutar por um bem comum e é isso que nos interessa como Juventude Socialista: apresentar um projeto ao Partido Socialista, com ideias para o concelho da Maia.

No entanto, não o vamos conseguir fazer se não conseguirmos essa proximidade com os nossos jovens. A partir das Associações de Estudantes, das nossas coletividades desportivas e não só, vamos tentar captar o interesse dos jovens na política, que infelizmente se está a perder imenso a nível nacional e a nível europeu ainda mais, o que considero perigoso.
Não nos podemos esquecer que pertencemos a um projeto europeu e, portanto, os jovens têm de ter essa preocupação. A abstenção entre os jovens na União Europeia rondou os 80% e isso é muito grave. Acho muito perigoso!

“Uma das perceções que temos é que os jovens não se sentem ouvidos, nem valorizados”

Os jovens devem ser envolvidos em noções de cidadania e democracia desde cedo?

Acho que a Disciplina de Desenvolvimento da Cidadania está a ir muito ao encontro dessa situação, que é consciencializar os jovens da importância da tomada de decisões e participar na vida em sociedade. Agora temos de verificar se essa Disciplina está a ser dada da maneira mais adequada.

Estive presente no fórum de cidadania há relativamente pouco tempo e estava lá uma professora que dizia isso mesmo – é preciso ter cuidado em como é que se apresenta essa Disciplina aos jovens. Tem de ser apresentada de forma a cativá-los e não como uma obrigação e algo aborrecido de ouvir. Quando falamos de um debate político a um jovem, para ele é uma chatice e, portanto, temos de arranjar forma de o cativar.

Atualmente, aqui na Maia, já existem instrumentos que incluem os jovens na política, como o parlamento dos jovens, a assembleia municipal para os jovens, o orçamento participativo jovem. A JS defende este tipo de projetos?

Defendemos e queremos complementar o que já existe. Além dessas situações, queremos, enquanto JS, ir mais longe. Queremos que esse tipo de iniciativas chegue às Juntas de Freguesia e temos a ambição que chegue às próprias escolas, porque é aí que está o foco da questão.

Mais importante do que levar os jovens até às assembleias ou levá-los a participar no orçamento participativo, é fazer a mensagem chegar às escolas. Nas escolas poderia existir uma ação entre a Câmara Municipal e os próprios agrupamentos para cativar os jovens, nem que fosse desafiá-los a decidir sobre a mudança da cor de uma parede na escola.

É importante promover o debate dentro das escolas, incitar os jovens a tomar uma decisão e explicar-lhes o projeto. Fazer com que os alunos sejam ouvidos e tomem decisões, ou seja que tenham eles o poder da decisão nas suas mãos. Depois, vão perceber que na eleição de um presidente de Câmara, por exemplo, eles têm voz.

“Hoje em dia acontece muito perguntar a alguém qual o seu partido e a pessoa responder ‘ah, sou socialista…’ e depois perguntar o porquê e a pessoa responde que é só porque o pai era”

Ou seja, instaurar-lhes esse ‘bichinho’ da democracia desde cedo para ter continuidade pela vida fora…

Exatamente. Se formos falar com um jovem sobre o que é a esquerda e a direita, ele não sabe dizer…não sabe o que é Social Democracia nem sabe o que é Comunismo. Sabemos que nas escolas isso é abordado pela disciplina de História, mas digamos que nada é explicado na prática.

Hoje em dia, acontece muito perguntar a alguém qual o seu partido e a pessoa responder ‘ah sou socialista’… e depois perguntar o porquê… e a pessoa responde que é só porque o pai era.

Este mandato ainda vai coincidir com as Eleições Autárquicas, o que a JS pode fazer na Maia para envolver os jovens?

Quando me propus a este cargo, tive de explicar a estratégia para o meu mandato e um dos pontos era ver os nossos jovens representados nas listas que vão concorrer para a Câmara Municipal e também às Assembleias de Freguesia. Isso é um objetivo que temos.

Para cativar e envolver os jovens neste projeto, nós temos uma série de atividades como palestras e ações de voluntariado e acho que é por aí que temos de atraí-los. Isto porque uma das perceções que temos é que os jovens não se sentem ouvidos, nem valorizados e acham que as juventudes socialistas não acrescentam nada e, portanto, com ações de voluntariado para áreas como a proteção dos animais e o ambiente, criamos uma relação mais estreita entre uma faixa etária mais nova e outra mais idosa.

Vamos conseguir cativar os jovens para quê? Para que saibam que o que fazemos é para o bem comum e não proveito próprio. Vamos falar com as pessoas e perceber onde se enquadram, de acordo com a sua atividade profissional.

Algo com que nos debatemos também é a saúde e a alimentação, porque pensamos que está a ser descurada a parte da alimentação, o que tem consequências na saúde e na sustentabilidade da segurança social. E é um debate que queremos promover para ver o que podemos melhorar nesse sentido.

Mas é com essas ações que iremos cativar os jovens e fazê-los sentirem-se parte do projeto, construindo com eles o projeto para apresentar às assembleias da assembleia e câmara municipal.

Hugo Salgueiro na tomada de posse na AF Pedrouços_imagem DR


Ter maior representatividade dos jovens no concelho será fundamental?

É um objetivo. Primeiro teremos de crescer e trabalhar para perceber como o poderemos atingir. Em termos de áreas de intervenção, estamos preocupados com a mobilidade, designadamente a extensão do metro para o concelho da Maia, que é um projeto que está a ficar para trás.

Também queremos debater outras questões: quais as maiores dificuldades de um jovem nesta altura? Os jovens saem tarde de casa dos pais, alguns porque não querem, outros porque não podem. Alguns estudam, mas não têm saída na sua área profissional e têm de trabalhar num emprego a ganhar o ordenado mínimo.

Sabemos que o ordenado mínimo atualmente é muito baixo e não acompanha a média da União Europeia. Temos de nos debater pelo aumento do salário mínimo nacional para que os nossos jovens consigam ter uma vida estável.

Um jovem que ganhe um salário mínimo e queira arrendar uma casa tem muita dificuldade, porque surgem outras ambições como um carro e uma vida social. Queremos propor à Câmara algumas soluções. Sabemos que existe um défice de habitações sociais no nosso concelho, mas penso que saiu um projeto por parte do governo para a área de ação social e o concelho da Maia talvez abrace esse projeto para novas habitações sociais. Assim, gostaríamos de ver lá uma quota para os jovens, à imagem de alguns países europeus: para jovens que acabam os estudos, começam a trabalhar e tenham uma casa a preços acessíveis para que possam desenvolver depois uma vida acessível e estável.

Penso que esse seria um projeto ambicioso para o concelho da Maia, que iria alavancar imenso os jovens.

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