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MAI vai acompanhar inquérito interno da PSP ao caso do ucraniano que se queixa de violência policial

Escrito por em Dezembro 14, 2020

Um cidadão ucraniano que foi detido, em Vila do Conde, por conduzir com excesso de álcool no sangue apresentou uma queixa-crime contra a PSP da Póvoa de Varzim por uso excessivo da força. O homem diz ter sido vítima de violência, racismo e xenofobia.

Este sábado, o Ministério da Administração Interna anunciou que, através de um processo administrativo da Inspeção-Geral da Administração Interna, vai acompanhar o inquérito interno que está a ser realizado pela PSP na sequência da queixa apresentada por Valery Polosenko.

O caso remonta ao dia 6 de dezembro, dia em que Polosenko, de 48 anos, foi detido na zona de Vila do Conde por estar a conduzir com 2,56 gramas de álcool por litro de sangue, um valor acima do limite a partir do qual a prática é considerada crime. De acordo com as autoridades, Polosenko já tinha antecedentes criminais por conduzir embriagado.
O cidadão ucraniano “tentou sair da instalação policial e reagiu de forma agressiva contra os polícias, quando foi impedido de o fazer“, disse a PSP. Por isso, Polosenko foi algemado. Já durante a madrugada, o homem foi libertado, depois de ser notificado para comparecer em tribunal e saiu pelo seu pé da esquadra, acrescenta a PSP, sem ter pretendido contactar familiares ou um advogado.

Contudo, no dia seguinte, Valery Polosenko apresentou uma denúncia contra os polícias que o tinham detido no dia anterior, alegando uso excessivo da força.

A versão de Polosenko contradiz a que foi adiantada aos meios de comunicação social pela polícia através de um comunicado.

Em declarações ao Jornal de Notícias, a advogada Alexandra Cruz, que representa o ucraniano, afirmou que os polícias que o detiveram “tiraram-lhe a carteira e o telemóvel e impediram-no de ligar ao seu habitual advogado”. Segundo a advogada, Polosenko pediu ajuda a outros polícias que se encontravam na esquadra, mas eles “faziam de conta que não ouviam as súplicas do Valery”.

Ainda de acordo com a advogada, os polícias teriam usado palavras e expressões xenófobas contra Polosenko, tendo chegado a dizer-lhe: “Vai-te embora, vai para a tua terra”.

Numa entrevista à SIC Notícias, Valery Polosenko disse que levou “chapadas e bofetadas” da parte dos polícias, que lhe partiram dentes. “Ouvi os dentes a bater, quando comecei a sentir. Quando meti lá a língua, vi logo que metade do dente já foi à vida”, descreveu Polosenko.

“Um meteu logo as algemas, puxou para cima, até achei que ele me ia deslocar os ombros. Disse: ‘Pensas que estás na tua terra? Vai para a tua terra. Tu aqui és um zé-ninguém, não vales nada’“, acrescentou o ucraniano.

Polosenko ficou com dois dentes partidos e vários ferimentos nos braços, no tórax e na boca, de acordo com observações médicas posteriores citadas pela mesma estação televisiva.

Também sobre a abordagem na estrada as versões da PSP e de Valery Polosenko divergem. Enquanto a polícia argumenta que o mandou parar por estar a circular com as luzes desligadas, tendo depois feito o teste do balão ao condutor, Polosenko garante que estava parado e que lhe apareceu um carro da polícia pela frente e começou “a ligar as luzinhas todas”.
“Quando o senhor chegou, puxou a porta, começou a abrir e mandou-me sair do carro“, afirmou Polosenko.


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